domingo, 30 de agosto de 2009

Máquina de escrever

   Estava andando meio a esmo, procurando um Ipê Amarelo para fotografar, querendo saber se a Regina que abriga cães tinha mesmo se mudado, se o bloqueio da rua continua quando vi essa máquina de escrever.
   Esse lugar é ao lado de um córrego. Foi meio privatizado na surdina e talvez alguma criança brinque lá e essa criança deve ter esse esqueleto de máquina elétrica.
   Achei inusitado e tirei a foto que pena ficou escura. O lugar é muito sombreado. Tem barulho de água e pouca gente deve passar lá. Dá para ficar sonhando muito. E eu também já sonhei com máquina de escrever.
A primeira que usei era uma do meu pai mecânica.
Depois teve a portátil da minha irmã que tinha orgulho dela (era marronzinha bonitinha).
No Museu em que eu trabalhei tinha uma elétrica grande.
Aí acho que a minha irmã comprou uma Olivetti elétrica portátil preta igual a essa e depois eu comprei uma Olivetti portátil branca feita em Singapura.
Essa máquina era linda mas com o passar do tempo não usei mais e como gostava muito dela dei na esperança que fosse bem usada pela pessoa que ficou com  ela.
Meu segundo computador, um IBM Aptiva preto com design super arrojado também foi lindo. Também dei e sei que foi usado até o osso.
Tinha o Windows 95.
Depois disso meus teclados não tem mais mágica.
Até comprei um MAC mas me frustei pela falta dos caracteres da Língua Portuguesa.
E além do mais o computador agora não é mais para escrever mas para muitas coisas do cotidiano.
Acabou a mágica da máquina de escrever.
Mas hoje quando me deparei com essa máquina da foto, meio depenada e cheia de folhas me reencontrei com a menininha que eu sempre busco.
Busco a menininha que eu fui porque ainda sou ela.
E não sei explicar o porquê mas durante toda a vida eu sinto essa idéia de divisão, de distanciamento de mim. É como se todo dia eu estivesse me partindo em pedaços difíceis de reconstruir.

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